quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Gestão, responsabilidade e confiança: o que a crise do metanol nas bebidas ensina ao setor gastronômico

 

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Os recentes casos de intoxicação por metanol nas bebidas alcoólicas do Brasil causaram um abalo profundo na população e, consequentemente, no setor gastronômico. Infelizmente, a falsificação de bebidas não é algo novo, mas ver esse problema chegar ao ponto de causar mortes foi algo que chocou a todos. Não se trata apenas de uma tragédia isolada — é um alerta sobre a importância da responsabilidade de quem vende e serve bebidas ao público.

Nos restaurantes que administro, houve uma queda de 50% na venda de destilados, com a maioria dos clientes migrando para outras opções, como o chope, por exemplo. No entanto, mais do que o efeito comercial, o episódio levantou uma reflexão essencial: qual é o nosso papel, como empresários, na prevenção desse tipo de problema?

A resposta está na gestão responsável. Um bom restaurante se constrói a partir das escolhas que se faz, especialmente em relação aos fornecedores. Eu trabalho com distribuidoras grandes e reconhecidas de alcoólicos, que compram diretamente dos fabricantes e, além disso, busco valorizar os bons produtores locais. Tenho completa noção de que essa relação de confiança é fundamental para ter tranquilidade no momento em que meu estabelecimento abre as portas para atender ao público. 

Falsificação não é algo inédito: existe em roupas, bolsas, peças de carro, e também em bebidas. Mas é importante lembrar que falsificar ou comprar produto falsificado é crime. Se alguém oferece uma bebida muito abaixo do preço de mercado, há algo errado. É o mesmo princípio de quem compra uma peça de carro roubada: quem alimenta esse mercado é o comprador.

Já me deparei com ofertas de origem duvidosa, as quais sempre recusei. Essa é uma questão de postura empresarial. Buscar lucro por caminhos que podem não ser os mais assertivos não é o que vai garantir o sucesso de um negócio. O que realmente faz diferença é a boa gestão, o controle de custos e a escolha por produtos de qualidade.

Muitos estabelecimentos sérios — e eu incluo aqui meus concorrentes diretos — têm essa preocupação. A tragédia do metanol serve como lembrete de que ética e qualidade não são diferenciais, são obrigações. Quando o empresário escolhe um fornecedor duvidoso, além de colocar em risco a saúde do cliente, também põe à prova a reputação e longevidade do seu próprio negócio. Qualidade é uma questão de cuidado, compromisso consigo e com o próximo, e de autorresponsabilidade

É preciso criar uma cultura em que o barato que sai caro deixe de ser opção, tanto para quem vende quanto para quem consome. No fim das contas, a gestão de um bom restaurante precisa contar com ética e compromisso com quem está do outro lado do balcão. E isso é algo que não é possível conseguir por meios ilícitos, uma fórmula incapaz de ser falsificada.

kamile@trevocomunica.com  

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