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Na
conferência “Bares e Restaurantes no Brasil”, realizada nesta
segunda-feira (2) em São Paulo, a Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel) e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas
(FGV EESP) apresentaram um estudo inédito que reforça a importância
socioeconômica do setor de alimentação fora do lar no Brasil. Também foi
lançado um Plano de Restauração, com recomendações para solucionar os
inúmeros desafios enfrentados pelos bares e restaurantes, que ainda
sofrem com as consequências da pandemia.
De acordo com
o estudo, o setor movimentou R$ 416 bilhões em 2023 - 3,6% do PIB
nacional. Um dos dados mostra o efeito multiplicador: para cada R$
1.000,00 gastos em bares e restaurantes, R$ 3.650 são injetados na
economia em efeitos diretos, indiretos e induzidos. Além disso, o setor
emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, o que corresponde a 7,9% do
total de empregos formais do Brasil, com uma massa salarial de R$ 107
bilhões.
O
presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo
traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas
de quem trabalha e empreende no setor, além de reflexões acerca de
tópicos relevantes, como a reforma tributária.
“Nosso plano é
claro: organizar e coordenar esforços. Muitas iniciativas já existem,
mas estão isoladas e sem sinergia. A Abrasel se propõe a liderar essa
organização em três frentes principais: construção de políticas públicas
nos níveis municipal, estadual e federal; coordenação entre grandes
empresas em âmbito nacional e regional; e parcerias com agências de
desenvolvimento, como Senac e Sebrae, para fortalecer o setor com ações
estruturadas”.
Ele também reforçou o trabalho da Associação no processo de criar núcleos nas comunidades e favelas de todo o Brasil para apoiar os empreendedores desses locais.
“Já estamos
presentes em seis comunidades, promovendo governança e associativismo.
Nosso objetivo é eliminar o apartheid físico e psicológico que ainda
separa essas áreas do restante da sociedade. Nas favelas estão milhares
de empreendedores e grande parte da nossa mão de obra. Não queremos
apenas nos relacionar com as favelas — queremos ser parte delas.”
Ele ainda
chama a atenção do Poder Público para os desafios enfrentados pelos
negócios do setor, grandes impactados pela pandemia. “Do governo, não
pedimos subsídios ou privilégios, mas atenção e justiça. O setor que
emprega tantos brasileiros e sofreu tanto durante a pandemia merece um
olhar especial e políticas que promovam sua sustentabilidade”.
Pluralidade do setor
Os dados
também revelam a diversidade do setor: 94% das empresas são
microempresas, e 65% dos empreendedores atuam como MEIs. O setor é
majoritariamente composto por trabalhadores jovens, com idade média de
34 anos, e apresenta uma representatividade de 49% de mulheres e 63% de
pretos e pardos.
Apesar do
impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como
alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso
a crédito. Além disso, a baixa qualificação da mão de obra e os custos
tributários elevados comprometem a competitividade dos negócios.
O professor
de economia da FGV e um dos coordenadores do estudo, Márcio Holland,
contextualizou que o setor de alimentação fora do lar é uma importante
via de ascensão social no Brasil, e que pequenos e microempreendedores
começam seus negócios como um sonho de vida e uma forma de sustentar
suas famílias. Entretanto, um dos grandes desafios que atingem esse
segmento é o alto número de trabalhadores informais.
“Para
promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da
informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A
informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando
treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de
rotatividade. Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e
desincentiva investimentos”, explica.
“É necessário
criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do
setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento.
Além disso, o setor precisa incorporar uma agenda de inovação, um ponto
recorrente em estudos internacionais sobre food service, que destacam
avanços variados nessa área”, explica o professor.
Plano de restauração para o setor
Durante o
evento, a Abrasel apresentou um Plano Nacional de Restauração, um
conjunto de ações para enfrentar os principais desafios do segmento. O
objetivo do documento, que deve ser executado a longo prazo, é
estabelecer uma série de ações a serem implementada por meio de um
esforço colaborativo entre o setor de alimentação fora do lar, governos e
agências de fomento, como Sebrae e Senac.
Entre as
iniciativas, destacam-se propostas para desoneração da folha de
pagamento, simplificação tributária e ampliação do acesso a programas de
fomento.
Comunicação Estratégica Campinas
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