quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Responsável por 3,6% do PIB, bares e restaurantes movimentam R$ 416 bi, segundo estudo, e mostra força do setor na economia

 

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Na conferência “Bares e Restaurantes no Brasil”, realizada nesta segunda-feira (2) em São Paulo, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) apresentaram um estudo inédito que reforça a importância socioeconômica do setor de alimentação fora do lar no Brasil. Também foi lançado um Plano de Restauração, com recomendações para solucionar os inúmeros desafios enfrentados pelos bares e restaurantes, que ainda sofrem com as consequências da pandemia.

De acordo com o estudo, o setor movimentou R$ 416 bilhões em 2023 - 3,6% do PIB nacional. Um dos dados mostra o efeito multiplicador: para cada R$ 1.000,00 gastos em bares e restaurantes, R$ 3.650 são injetados na economia em efeitos diretos, indiretos e induzidos. Além disso, o setor emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, o que corresponde a 7,9% do total de empregos formais do Brasil, com uma massa salarial de R$ 107 bilhões.

O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende no setor, além de reflexões acerca de tópicos relevantes, como a reforma tributária.

“Nosso plano é claro: organizar e coordenar esforços. Muitas iniciativas já existem, mas estão isoladas e sem sinergia. A Abrasel se propõe a liderar essa organização em três frentes principais: construção de políticas públicas nos níveis municipal, estadual e federal; coordenação entre grandes empresas em âmbito nacional e regional; e parcerias com agências de desenvolvimento, como Senac e Sebrae, para fortalecer o setor com ações estruturadas”.

Ele também reforçou o trabalho da Associação no processo de criar núcleos nas comunidades e favelas de todo o Brasil para apoiar os empreendedores desses locais.

“Já estamos presentes em seis comunidades, promovendo governança e associativismo. Nosso objetivo é eliminar o apartheid físico e psicológico que ainda separa essas áreas do restante da sociedade. Nas favelas estão milhares de empreendedores e grande parte da nossa mão de obra. Não queremos apenas nos relacionar com as favelas — queremos ser parte delas.”

Ele ainda chama a atenção do Poder Público para os desafios enfrentados pelos negócios do setor, grandes impactados pela pandemia. “Do governo, não pedimos subsídios ou privilégios, mas atenção e justiça. O setor que emprega tantos brasileiros e sofreu tanto durante a pandemia merece um olhar especial e políticas que promovam sua sustentabilidade”.

Pluralidade do setor

Os dados também revelam a diversidade do setor: 94% das empresas são microempresas, e 65% dos empreendedores atuam como MEIs. O setor é majoritariamente composto por trabalhadores jovens, com idade média de 34 anos, e apresenta uma representatividade de 49% de mulheres e 63% de pretos e pardos.

Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso a crédito. Além disso, a baixa qualificação da mão de obra e os custos tributários elevados comprometem a competitividade dos negócios.

O professor de economia da FGV e um dos coordenadores do estudo, Márcio Holland, contextualizou que o setor de alimentação fora do lar é uma importante via de ascensão social no Brasil, e que pequenos e microempreendedores começam seus negócios como um sonho de vida e uma forma de sustentar suas famílias. Entretanto, um dos grandes desafios que atingem esse segmento é o alto número de trabalhadores informais.

“Para promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de rotatividade. Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e desincentiva investimentos”, explica.

“É necessário criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento. Além disso, o setor precisa incorporar uma agenda de inovação, um ponto recorrente em estudos internacionais sobre food service, que destacam avanços variados nessa área”, explica o professor.

Plano de restauração para o setor

Durante o evento, a Abrasel apresentou um Plano Nacional de Restauração, um conjunto de ações para enfrentar os principais desafios do segmento. O objetivo do documento, que deve ser executado a longo prazo, é estabelecer uma série de ações a serem implementada por meio de um esforço colaborativo entre o setor de alimentação fora do lar, governos e agências de fomento, como Sebrae e Senac.

Entre as iniciativas, destacam-se propostas para desoneração da folha de pagamento, simplificação tributária e ampliação do acesso a programas de fomento.

Comunicação Estratégica Campinas

 

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