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À medida que o tempo passa, a sociedade tem se mostrado cada vez mais consciente e disposta a dar a devida importância para pautas relevantes direcionadas à preocupação com o meio ambiente, o cuidado com a sustentabilidade econômica, além da busca incessante pelo bem-estar social e um cotidiano mais saudável. Todo esse contexto nos leva a uma discussão sobre um movimento muito interessante observado no Brasil: o aumento dos consumidores de alimentos orgânicos.
Segundo dados levantados pela pesquisa “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil”, desenvolvida pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), junto à empresa Brain Inteligência Estratégica e à iniciativa Unir Orgânicos, o consumo desses alimentos cresceu 63% em 2021.
Mais do que isso, o estudo revela ainda que a pandemia acabou sendo um fator decisivo para esse aumento. Mais atentos e interessados em manter hábitos saudáveis graças aos perigos da covid-19, 25% dos consumidores de produtos de origem 100% natural revelaram ter incluído essa preocupação na sua lista de compras apenas nesses últimos dois anos.
No entanto, é possível dizer que essa não deverá ser uma onda passageira. Com cada vez mais acesso à informação e conteúdos qualificados sobre o assunto, principalmente graças aos avanços tecnológicos de alguns anos pra cá, o público tem compreendido a importância de buscar hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis para assegurar um melhor bem-estar e qualidade de vida.
Não é à toa que, enquanto 47% dos entrevistados pela pesquisa apontaram a melhora da saúde como a principal justificativa pelo interesse no consumo dos produtos orgânicos, 31% dos respondentes revelou ter consumido ao menos um artigo totalmente natural no período de 30 dias. Em comparação aos anos anteriores, esse número era equivalente a 19% em 2019 e 15% em 2017 - um aumento de 106% entre 2017 e 2021.
Desafios colocados à mesa
Embora esse mercado orgânico apresente um desenvolvimento sólido, ainda existem barreiras a serem superadas para que o ritmo de consumo continue aumentando. Dentre esses desafios podemos citar o ainda pouco conhecimento de seus benefícios, o preço, muitas vezes superior aos produtos não orgânicos, e, principalmente, a distribuição e acesso a esses alimentos. Por mais que cada um desses obstáculos possuam propriedades diferentes entre si, todos eles assumem a responsabilidade diante de um mesmo e crucial desafio: ampliar a acessibilidade dos produtos orgânicos ao público em geral.
Digo isso baseado em dados coletados por uma pesquisa idealizada pelo Instituto Akatu em parceria com a GlobeScan. Segundo o estudo, 74% dos brasileiros afirmaram ter a intenção de promover mudanças para um estilo de vida mais saudável, porém apenas 34% de fato mudaram algo. Diante desses números, observamos a existência de um gap potencial ainda bastante significativo de consumidores que ainda não adentraram ao consumo de alimentos orgânicos e que pode ser explorado.
Para isso, é fundamental compreender o que motiva a existência dessa diferença: o alto preço. Mesmo com 64% dos brasileiros afirmando estar disposto a pagar um preço acima da média por alimentos saudáveis e produzidos de forma sustentável, o valor maior atribuído a esses produtos segue sendo o maior impeditivo para o mercado nacional.
Além de buscar baratear o custo de produção e logística por trás desses alimentos, diminuindo, consequentemente, o preço final para o consumidor, é necessário que os produtores orgânicos consigam aproveitar essa predisposição declarada pelas suas mercadorias para intensificar a comunicação da importância do seu trabalho. Isso porque, a partir do momento em que a pessoa compreende a justificativa desse produto ser um pouco mais caro e entende que isso está por trás do atributo de sustentabilidade, ela fica mais disposta a pagar essa diferença por isso.
Orgânico é vida
Os números não mentem, o consumo de alimentos orgânicos tem caído nas graças do público. Impulsionado pela conscientização da importância de se manter uma alimentação leve, equilibrada e saudável, os produtos orgânicos vem cada vez mais assumindo um papel de protagonista no cardápio do brasileiro. Porém, ainda há espaços para progressos. Está na hora do outro lado da cadeia produtiva aproveitar esse movimento crescente pelos seus produtos para encontrar formas de torná-los mais próximos e acessíveis a essa população, que já se mostrou interessada no hábito do consumo orgânico.
*Saulo Marti é co-fundador e CMO da Diferente, principal foodtech de assinatura de alimentos orgânicos do Brasil. O executivo busca usar o conhecimento em startups para criar algo que impacte de verdade a vida das pessoas.
Fonte: PR Specialist
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