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Achados
históricos mostram evidências da domesticação de gado bovino na região
da Mesopotâmia (onde hoje está o Iraque) há 8 000 a.C., com o objetivo
de fornecer carne e força de trabalho. Mas o consumo e a produção
regular de leite de vaca teriam ocorrido mais tarde, segundo registros
em pinturas rupestres datadas de 5 000 a.C. Outros registros históricos
dão conta que os primeiros humanos a ordenhar vacas para o consumo do
leite habitavam as regiões onde hoje estão a Inglaterra e a Europa
Ocidental, isso há 6 mil anos a.C.
Ao
longo desses milhares de anos de consumo de leite, um grande desafio
sempre foi a conservação e armazenamento do produto, que é altamente
perecível. Por isso, durante séculos e séculos o alimento foi consumido
fresco ou em forma de queijo ou de outros laticínios, como a manteiga e
coalhada. Esse problema só foi resolvido durante a Revolução Industrial
na Europa, por volta de 1830, que trouxe a possibilidade de levar o
leite fresco das zonas rurais para as grandes cidades, graças a técnicas
de processamento que possibilitaram uma maior durabilidade do
alimento.
As primeiras
embalagens de leite criadas que se tem conhecimento datam de 1880, na
Inglaterra, e eram feitas de porcelana. Eram pouco resistentes e de
fabricação demorada, pois eram feitas artesanalmente, o que afetava
diretamente no tempo de produção das mesmas e no custo, que era alto. Já
no começo do século 20, as garrafas de vidro serviram por um bom tempo
como as embalagens mais usadas para o leite. O comércio do alimento
funcionava como ainda hoje é feito com os refrigerantes: haviam os
cascos ou vasilhames vazios, que deveriam ser trocados por outros
cheios, no mercado ou mesmo entregues na porta de casa. Mas ainda sim
havia a dificuldade de se higienizar as garrafas e a validade do leite,
mesmo sem abrir a embalagem, não passava de alguns dias.
No Brasil
Apesar de ter sido introduzido no País poucas décadas após a chegada dos portugueses, no Brasil o consumo do leite em larga escala só veio se consolidar no final do século 19 e começo do século 20.
O transporte do leite, que antes da abolição, era feito por escravos, em latões, passou a ser feito por vaqueiros, em carroças, que o produziam nas periferias das cidades, em geral em condições insatisfatórias de higiene e qualidade. Os latões de aço e depois mais à frente os galões de plásticos, que eram transportados em carroças ou mesmo no lombo de cavalos, foram usados por muito tempo para a venda do leite de porta em porta, e até poucos anos atrás ainda era realizado em algumas cidades. Porém, essa forma de transporte e armazenamento também esbarrava na dificuldade de se assegurar a higiene adequada para que o leite fosse consumido com segurança.
Outra embalagem, que também por muito tempo, serviu bem para armazenar o nosso leite de todos os dias foram os saquinhos de plásticos. “Esses saquinhos, apesar do baixíssimo custo da embalagem e de manter as qualidades nutritivas do leite, exigiam que o transporte fosse feito em caminhões com refrigeração, e nos supermercados e padarias precisavam também ficar em refrigeração, e ainda sim, a validade do produto não passava de três ou quatro dias, mesmo sem ser aberto”, explica Antônio Júnior Vilela, gerente industrial da Marajoara Laticínios, uma das maiores indústrias de laticínios do Centro-Oeste.
Longa vida
De acordo com Antônio Júnior, o uso de embalagens cartonadas ou caixinhas longa vida, que hoje são mais de 90% do que é consumido no mercado, representou um salto de qualidade para a indústria láctea. Isso porque, entre suas inúmeras vantagens, está o fato delas conseguirem armazenar o leite por até seis meses, e sem refrigeração nenhuma. “As embalagens cartonadas, além de possibilitar armazenar o leite por meses, são embalagens totalmente assépticas, o que garante total segurança para o consumo do leite, sem risco de qualquer tipo de contaminação. Também são muito mais fáceis de serem transportadas, já que podem ser organizadas em grandes fardos”, explica o gerente industrial, que lembra ainda que após aberta a caixa longa vida, o leite deve ser mantido em refrigeração e ser consumido em três dias, no máximo.
Outra vantagem das embalagens longa vida, segundo Antônio Júnior, diz respeito à questão da sustentabilidade. “As embalagens cartonadas são basicamente feitas de celulose, alumínio e polietileno ou plástico e podem ser totalmente recicláveis. Aqui mesmo, na Marajoara, temos uma central de reciclagem que recolhe todas essas embalagens que são usadas internamente. Depois elas são destinadas a indústrias de reciclagem e a celulose, que é retirada dela, vira um novo papel. Já o plástico e o alumínio são usados para a composição de vários produtos, como por exemplo, capas de livros, de cadernos, revestimentos para pisos e para a fabricação de telhas ecológicas”, relata o gerente.
Antônio Júnior explica ainda que, além das modernas embalagens, o que também garante hoje em dia a maior durabilidade do leite e segurança para o consumo, sem comprometer a sua qualidade nutritiva e sabor, são os modernos processos de beneficiamento aos quais o produto é submetido. Como a pasteurização; a esterilização, por meio do método UHT, sigla em inglês para Ultra High Temperature; e a homogeneização, que realiza a quebra das moléculas e agrega a gordura a proteína do leite, garantindo um produto estéril de quaisquer microorganismos nocivos a saúde e mantendo as características essenciais nutricionais e de sabor”, completa Antônio Júnior.
Fonte: COMUNICAÇÃO SEM FRONTEIRAS
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